quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Um poeta cientista

Até mesmo em poemas encontramos o tema do nosso trabalho.


Encontrei uma preta
que estava a chorar
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.

(António Gedeão)

2 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

António Gedeão sempre. E melhor do que qualquer outro poema, este transporta-nos à sua vivência riquíssima enquanto professor. Um exemplo a seguir.
O melhor sucesso para o vosso trabalho